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Os mercados financeiros então estão sendo
caracterizados aqui por segmentos que têm características específicas,
volta a ressaltar que o segmento monetário e o segmento cambial ainda serão
retomados, porém, para fecharmos essa nossa apresentação geral,
eu gostaria de reforçar a conexão entre, principalmente,
as taxas de juros de curto, médio e longo prazo.
Por que?
Porque quando se trata de emissor livre de risco, ou seja,
quando se tratam de títulos emitidos pelo governo,
nós vamos ter na composição dessas taxas
a definição das taxas básicas para os diversos
prazos de vencimento e de negociação de ativos no mercados financeiros.
Então, essa é uma taxa de referência funcamental, tanto de curto,
quanto de médio, quanto de longo prazo.
E essa relação do comportamento da taxa de juros relação ao prazo
de maturidade dos títulos é conhecida como estrutura a termo da taxa de juros.
A estrutura a termo da taxa de juros, ou seja,
a estrutura relação aos prazos de vencimento dos títulos,
ela tem uma expressão, ou seja,
comportamento que, normalmente, é verificado nos mercados financeiros,
que é o fato de que as taxas de juros de títulos com prazos de maturidades
maiores sejam mais elevadas, ou seja, taxas de juros maiores,
do que as taxas associadas aos títulos de prazos mais curtos.
Então, esse comportamento ascendente dessa curva é
conhecido como curva normal, ou seja, aquela curva que se
apresenta com maior frequência na estrutura dos mercados financeiros.
Por que que a estrutura da taxa de juros tem esse comportamento?
Geral, porque os títulos de longo prazo fazem com que
os agentes que estão comprando estes títulos, os investidores financeiros que
estão comprando estes títulos tenham que abrir mão da liquidez,
abrir mão de ter moeda por tempo maior.
E para abrir mão da sua liquidez por tempo maior,
esses investidores vão requerer prêmio, prêmio de liquidez.
Portanto, esses títulos, eles, naturalmente,
vão embutir esse prêmio de liquidez, o que vai fazer com que, geral,
a estrutura termo da taxa de juros apresente comportamento ascendente.
Então, as taxas de juros de longo prazo são maiores do que as
taxas de juros de curto prazo.
E eu também estou chamando atenção para este conceito,
para a estrutura termo da taxa de juros, por que?
Porque quando o governo faz política monetária,
quando o Banco Central realizar política monetária,
ele vai alterar exatamente a ponta curta desta curva,
ou seja, as taxas de juros de curto prazo.
E uma pergunta muito importante no contexto dos mercados
financeiros é: como a alteração das taxas curtas por meio da
política monetária afetam a formação das taxas mais longas?
Até que ponto a política monetária, a gestão da taxa básica
de juros tem efeito sobre as taxas de financiamento de longo prazo?
Geral, as evidências empíricas também apontam para isso,
nos países que os mercados financeiros são bem desenvolvidos,
que os mercados de capitais estão bastante desenvolvidos e tem uma
oferta de recursos bastante elevada, geral, o efeito da
política monetária sobre as taxas de juros de longo prazo é muito pequeno.
Então, significa que alterar as taxas de juros de curto
prazo tem efeito na economia de curto e médio prazo,
principalmente pela dinâmica, que a gente já conversou,
das respostas de consumo e mesmo de investimento ao longo do tempo.
Porém, elas não devem afetar a formação das taxas de juros
para recursos de longo prazo, o que, de certa forma,
desconecta a gestão da taxa de juros de curto prazo, ou seja,
a política monetária das taxas que são relevantes para o crescimento econômico.
Então, não necessariamente, quando o Banco Central faz política monetária,
isso, não necessariamente, tem efeito sobre o crescimento de longo prazo.
Nós vamos voltar a esse tema mais adiante,
quando nós tivermos ao final do curso utilizando essa estrutura lógica
para pensar na análise macroeconômica e então vamos reforçar a diferença
entre a flutuação da macroeconomia e a sua capacidade de crescer no longo prazo.
Mas, nesse momento, eu gostaria de deixar já registrada a conexão entre o curto,
o médio e o longo prazo por meio desta estrutura de juros,
que é a estrutura termo da taxa de juros.
Mercados financeiros, então, são formados por segmentos, que, didaticamente,
foram divididos de acordo com o tempo disponível de recursos,
o tipo de operação que se faz cada segmento, entre mercado monetário,
mercado de crédito, mercado de capitais e o
mercado de câmbio, além do segmento de derivativos,
que pode estar associado a qualquer desses outros quatro segmentos.
Nós temos então uma gama de ativos financeiros bastante grande
disponíveis nos mercados financeiros.
A gente tem opções para formar portfólio, para alocar a riqueza dos
investidores financeiros número razoavelmente grande de ativos.
Porém, quando nós pensamos a estrutura dos mercados financeiros
no contexto da macroeconomia, uma coisa bastante curiosa
acontece: esta gama bastante grande de ativos,
essa disponibilidade de escolhas para a alocação do portfólio,
ela acaba se resumindo,
basicamente, a três tipos de ativos.
Por que que isso acontece e como essa
simplificação pode ser entendida
como resultado do processo de análise macro?
Vamos esclarecer.
Então vejamos, nós dissemos que os ativos financeiros,
geral, vão representar débitos para certos agentes e créditos para outros.
Débito para quem emitiu o ativo e crédito para quem comprou.
Portanto, nós temos aí uma relação de partidas dobradas
de débito e crédito na negociação dos ativos financeiros.
Quando nós agregamos os agentes na economia e é isso que a macroeconomia faz,
ela trata os temas, as questões, as decisões do ponto de vista agregado,
quando nós agregamos os agentes na macroeconomia, nós,
geral, nos modelos mais simples, nas teorias mais simples,
como essa abordagem que nós temos aqui neste curso, nós, geral,
separamos os agentes entre agentes privados e governo.
De tal forma que, quando nós colocamos todos os agentes privados, empresas,
famílias, etcetera, juntos,
do ponto de vista dos ativos financeiros, o que é que acontece?
Ativo que é crédito para agente, é débito para o outro.
Quando eu somo os dois, esse ativo não aparece no nível agregado.
É por isso que as ações, os títulos negociados entre os agentes privados,
toda a gama de ativos financeiros ou de aplicações financeiras que
o sistema bancário oferece para os agentes, no fundo,
elas ficam submergidas na agregação da macro.
E apenas os ativos financeiros que são negociados
entre o governo e os agentes privados ou entre
a economia doméstica e o resto do mundo aparecem,
são levados conta, são analisados na estrutura da macro.
Nesse caso, basicamente, restam que ativos dos mercados financeiros?
Restam os ativos negociados entre o governo e os agentes privados.
Que ativos são esses?
Títulos públicos e moeda.
Moeda também é ativo financeiro, como veremos breve.
Moeda e títulos públicos.
E na negociação desta economia com o resto do mundo?
Que tipo de mercado financeiro aparece?
O mercado cambial.
É por isso que, na nossa estrutura da macroeconomia, que apresentamos
logo de início, nós tínhamos o mercado cambial, o mercado monetário,
o mercado de bens e serviços como sendo a lógica de
funcionamento básica da demanda agregada e o mercado de trabalho vai nos ajudar
a entender a estrutura da oferta agregada no curto prazo na nossa economia.
Então, quando tivermos este conjunto completo formado por esses quatro
mercados integrados e operando de forma interrelacionada,
nós poderemos fazer uma análise macroeconômica completa, entendendo dos
determinantes do produto, da inflação, da taxa de juros e da taxa de câmbio,
que serão as nossas variáveis fundamentais endógenas dentro dessa
lógica que nós conseguiremos explicar e entender o seu comportamento.
Muito bem, se há então títulos emitidos pelo governo
e negociados entre governo e agentes privados,
por que somento o mercado monetário aparece?
Não há títulos de médio e de longo prazo do governo emitidos?
Sim, nós já dissemos que sim.
O governo também emite títulos de prazos maiores.
Porém, basicamente, nós vamos tratas dos títulos de curto prazo,
que são os títulos com data de vencimento de até ano,
que formarão a taxa básica de juros da economia.
Por que que isso acontece?
Porque os títulos com prazo de maturidade maior não são levados conta,
mesmo sendo emitidos pelo governo?
Ou seja, por que que pedacinho do mercado de capitais,
com títulos de longo prazo, emitidos pelo governo não aparecem na nossa análise
macroeconômica iniciante simplificada?
Por motivo bastante simples: a nossa análise é uma análise estática.
Nós não vamos considerar a passagem do tempo, explicitamente,
dentro da lógica da nossa análise macro, dentro da lógica do nosso modelo básico.
Portanto, nós não conseguimos conectar claramente o comportamento da
taxa de curto com as demais taxas na estrutura termo,
nós precisaríamos considerar a passagem do tempo.
Precisaríamos fazer uma análise dinâmica e uma análise dinâmica,
sem os instrumentos formais da matemática, ela se torna
bastante complexa de ser comunicada apenas do ponto de vista lógico.
Então, geral, os modelos macroeconômicos nível básico e intermediário,
principalmente no nível de graduação, são, normalmente,
estáticos, são modelos que nós buscamos entender o ponto de referência
para onde a economia está caminhando, ou seja, os equilíbrios estáticos,
mas nós não temos muitas informações ou muitos instrumentos para
descrever como as variáveis vão se comportar ao longo do tempo,
ou seja, a dinâmica não está claramente desenhada no contexto
desses modelos e é por isso que o prazo dos títulos, ou seja,
os títulos de longo prazo não são tratados no contexto do segmento
de mercados financeiros nos modelos macroeconômicos mais simplificados.
Então, continuaremos aqui com o aspecto de curto prazo,
o mercado monetário e o mercado cambial, que é mercado a vista e que vai
revelar as transações entre as moedas doméstica e do resto do mundo.
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