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E essa é uma característica típica de modelos novo keynesianos.
O termo keynesiano vem exatamente pelo fato de que,
nesta estrutura lógica, rigidez nominal aparece na macroeconomia,
assim como aparecia inicialmente na proposta keynesiana original.
As fontes de rigidez são várias, a gente vai apontar outras possibilidades.
No contexto dessa versão da estrutura lógica que nós estamos apresentando aqui,
ela viria exatamente pela justaposição de contratos de trabalho
períodos diferentes no tempo, ok?
Como é que salários se conectam a preços?
Essa é a pergunta seguinte.
Estamos falando de formação de salários,
então precisamos também saber como os contratantes de mão de obra agem,
como eles tomam sua decisão de comprar trabalho,
de comprar força de trabalho, de comprar os serviços que a força de trabalho
oferece, e portanto pagar por esses serviços, que é exatamente o salário real.
Como é que se dá essa decisão?
E aqui tem outro aspecto que diferencia totalmente
esta estrutura lógica de uma estrutura competitiva.
Nós vamos tratar os demandantes de trabalho, ou seja, as empresas, as firmas,
as corporações, aqueles agentes que compram trabalho no mercado de trabalho,
nós vamos tratar estas empresas também fora do escopo da concorrência perfeita,
e não só no sentido de sua atuação no mercado de
trabalho mas também, e principalmente,
na sua atuação na formação dos preços de bens e serviços na economia.
Opa, espera aí,
agora acho que a gente precisa parar e entender direitinho essa proposta.
Vamos lá?
As firmas, as empresas, elas são compreendidas nesse contexto
como firmas que também não são tomadoras dos preços dos seus bens e serviços.
O que que isso significa?
Significa que essas firmas terão poder de influenciar a formação dos preços
dos bens e serviços que elas produzem e vendem no mercado de bens e serviços.
Isso significa dizer que essas firmas não operarão concorrência perfeita,
o que obviamente também ganhou força nessa literatura,
exatamente porque nos permite representar mais adequadamente
o comportamento das firmas, das empresas, e das corporações no mundo real.
Quando a gente olha para os mercados de carros, os mercados de bens geral,
de alimentos, ou bens mais específicos como vestuário,
como carros, como linha branca e etc, normalmente nós vemos o que?
Uma atuação que a empresa que produz esses bens e serviços tem algum
poder de influenciar a formação dos preços desses bens e serviços,
então essas firmas são formadoras de preço, assim como os trabalhadores
são tomados como formadores de preços nos mercados de trabalho.
As empresas são tomadas como formadoras
de preços nos mercados de bens e serviços, o que significa que esses
mercados não operam concorrência perfeita, nós estamos partindo
da suposição de que eles operam com algum tipo de concorrência imperfeita.
Pode ser uma estrutura oligopolista, que poucas firmas dominam o mercado
e definem o preço do bem, ou pode ser como uma simplificação, e aqui é de
fato só uma simplificação para a estrutura lógica ficar razoavelmente tratável,
nós podemos assumir que estas firmas atuam como se fossem
monopolistas nos mercados que vendem os seus bens e serviços.
Então a firma que produz carro, a empresa que produz carro, ela determina o
preço do carro a ser vendido no mercado de carro, e como é que ela faz isso?
Bom, obviamente ela não pode fazer isso sem considerar a demanda por carro.
A diferença fundamental aqui é as empresas elas vão se
deparar com demandas negativamente inclinada para os seus produtos.
Opa, espera aí, o que que isso significa?
Significa que se elas elevam o preço dos seus bens e serviços,
elas vão ter que fazer face,
elas vão ter que lidar com uma queda na quantidade vendida, certo?
Por quê?
Porque os agentes vão comprar carro,
ou qualquer outro bem e serviço, do lado da demanda qual é a lógica?
Quanto maior o preço, menor a quantidade demandada, e isso se reflete
no mercado como todo, na demanda do mercado que a empresa está operando.
Isso significa que ela não pode determinar
preço qualquer independente de qualquer coisa.
Pelo contrário, ela pode determinar preço, desde que ela leve
conta a reação da demanda, que a gente chama de elasticidade preço da demanda,
a inclinação da demanda, ou seja, se eu aumentar o preço 10%,
de quanto a quantidade que eu vou conseguir vender vai diminuir e
qual vai ser o impacto sobre a receita total da empresa?
Porque vejam, a empresa está preocupada com lucro, certo?
Portanto, ela tem que buscar uma receita total maior.
Se ela eleva o preço e a quantidade vendida cai,
dependendo portanto de como é que os agentes vão reagir à elevação do
preço no mercado, ou seja, dependendo da elasticidade preço da demanda,
essas firmas podem ter de encarar uma queda na sua receita total.
Subiu o preço,
mas agora ela está vendendo tão menos que antes que a receita total caiu.
Então obviamente nenhuma empresa vai tomar uma decisão de elevar
seus preços a tal ponto, ela vai elevar seus preços até o
ponto que a queda na quantidade não produza uma queda na receita total,
caso contrário ela não vai elevar o seu lucro da maneira desejada.
A empresa, como ela é maximizadora de lucro e ela
tem que buscar formar preço para vender o seu bem ou o seu serviço,
respeitando ou levando conta como é que a demanda vai reagir do outro
lado nesse mercado deste bem ou deste serviço, esta empresa normalmente
vai levar consideração os seus custos de produção
para produzir os seus bens e serviços, e essa relação que ela tem
de enfrentar com uma demanda negativamente inclinada no seu mercado de venda.
De qualquer forma, nós podemos representar isso de uma maneira muito simples.
No contexto de uma empresa monopolista,
ela vai simplesmente considerar os seus custos e adicionar uma
taxa de markup sobre os seus custos e formar os seus preços.
Obviamente essa taxa de markup ela não pode ser definida
independentemente da elasticidade preço da demanda.
Esse é aspecto mais técnico que nós não vamos tratar aqui,
mas é sempre bom deixar esse alerta, ou seja, a taxa de markup,
ou seja, o lucro que a empresa busca a partir dos seus custos de produção,
não pode ser definido arbitrariamente sem levar conta o
outro lado do mercado, que é como os agentes vão responder
a esta variação de preço do ponto de vista da demanda.
Feita essa ressalva, nós vamos tratar aqui de uma maneira bem simples,
com uma hipótese simplificadora, que as empresas vão definir os preços
dos seus bens e serviços função dos custos de produção
multiplicados por uma taxa bruta de markup, certo?
Definido o markup, como é que os preços vão ser formados?
A partir dos custos.
Quais são os principais custos de produção?
Temos os custos fixos e os custos variáveis.
Aqui, como nós estamos pensando variações, ou seja,
impactos que fazem os preços mudarem, nós vamos fazer também uma hipótese
simplificadora de que os principais custos são os custos variáveis,
e que esses custos variáveis estão bem
representados do ponto de vista da economia como todo,
da macroeconomia, pelos salários pagos aos trabalhadores.
Então estamos começando a ver qual é a conexão entre
salários e preços na economia.
Quando os salários sobem, por uma dada taxa de markup, o que que acontece?
As empresas vão tentar repassar os custos maiores de produção para
os preços dos seus bens e serviços.
Então geral, ou seja, média, o nível geral de preços da economia sobe,
e quando os salários sobem, os preços na economia sobem.
Quando a taxa de mudança dos salários, ou seja,
...a taxa de crescimento do salário se eleva, a taxa de inflação se eleva.
Lembrando que taxa de inflação é, simplesmente,
a variação do nível geral de preços da economia.
Essa conexão é fundamental para a gente entender oferta agregada de curto prazo.
E nós vamos, então, a partir da compreensão da formação de preços na
economia deduzir que salários reais as
empresas estariam dispostas a pagar aos trabalhadores para manter
a sua taxa de markup numa circunstância que
estas firmas tem poder de mercado no mercado de bens e serviços.
É a partir dessa relação de custos de produção representados por salários
nominais, que podem ser considerados termos de contribuição
da produtividade do trabalho para o produto, mas vamos deixar esse
aspecto pouco de lado e vamos pensar custos nominais simplesmente.
Quando o salários nominais se elevam para uma dada taxa de markup,
os preços de bens e serviços se elevam na economia.
Então, nós estamos observando essa conexão e podemos definir a partir
daí que as empresas, as firmas estarão dispostas a pagar salários para os seus
trabalhadores e, principalmente, termos de salários reais como?
Até o ponto que não haja comprometimento da taxa de markup dessas empresas.
Ou seja, vamos pensar aqui, a empresa produz bens e serviços,
vende a determinado preço e obtém uma receita total.
Dessa receita total, uma parte são os custos de produção
representados pelos salários e a outra parte é o lucro da empresa.
Então, nós podemos observar que a soma de salários e
lucros vai esgotar a receita da empresa.
Esta empresa não estará disposta a alterar a sua
taxa de markup para pagar salários mais altos ou salários mais baixos.
Então, para uma dada taxa de markup,
nós podemos observar que a empresa definirá, a partir dessa taxa,
que salário real ela vai estar disposta a pagar para os trabalhadores.
Então, veja que, nesse contexto, nós podemos
entender que a atuação das empresas no mercado de bens
e serviços produz comportamento dessas empresas no mercado de trabalho.
Que comportamento é esse?
Comportamento que elas estão dispostas a pagar certo salário
real que corresponde ao inverso da taxa bruta de markup.
Ou seja, dada a taxa bruta de markup, nós definimos qual
é o percentual da receita total que a empresa estará disposta a pagar salários.
Então, nós podemos pensar que o salário real vai depender de qual
foi a taxa de markup definida pela empresa e sabendo que ela não vai abrir mão,
não vai mudar a sua taxa de markup para pagar salários mais altos ou mais baixos,
nós vamos observar que o comportamento de ofertante monopolista de
bens e serviços produz no mercado de trabalho, pelo lado das empresas,
comportamento que as empresas estarão dispostas a pagar
certo salário real função do inverso da taxa de markup,
que foi definida na formação de preços.
É por isso que o comportamento das firmas no mercado de trabalho, na verdade,
é reflexo do comportamento das firmas no mercado de bens e serviços.
Ao determinar preços e a dado salário nominal,
o salário real estará totalmente dependente de qual o
porção da receita vai para salário e qual proporção vai para lucro.
Então, dado uma taxa de markup,
nós vamos observar que as empresas estarão dispostas a pagar certo salário
real e é este comportamento que nós vamos levar para o mercado de trabalho.
Do ponto de vista de uma representação muito simples dessa relação,
uma equação muito básica, nós teríamos então os preços na economia,
como sendo produto da taxa de markup vezes os salários nominais.
Só brincando pouquinho com essa equação, a gente observa que se os
salários passam para cá, para o segundo membro dividindo...
desculpe, se os preços passam dividindo, nós tempos o salário real.
A taxa de markup passa dividindo para o outro lado, ou seja,
o salário real é igual ao inverso da taxa de markup, o que significa que salário
real e taxa de markup estão disputando o mesmo montante de receita termos reais.
pedaço vai para lucro, que é a remuneração do estoque de capital e pedaço,
não só capital físico, como capital financeiro,
e o outro pedaço vai para a remuneração dos trabalhadores termos reais.
Então, quando o salário cresce,
o salário só pode crescer termos reais se o markup diminuir.
Se o markup sobre, o que é que acontece?
O salário real que as empresas estão dispostas a pagar será menor.
Representando esta maneira de agir no mercado de trabalho,
significa que, do ponto de vista das empresas,
do ponto de vista dos demandantes de trabalho,
dado salário real igual ao inverso da taxa de markup,
este salário real não mudará função do nível de desemprego da economia.
Não importa se o desemprego está baixo ou se o desemprego está alto,
se a elasticidade renda da demanda que a empresa
tem de encarar no seu mercado de venda do seu produto ou serviço não mudar,
a taxa de markup não mudará e, portanto,
o salário real ao qual ela está disposta a contratar trabalhadores será constante.
É por isso que, graficamente, o mercado de trabalho vai ser representado por
uma curva, pelo lado do trabalhador, que é a curva de formação de salários,
que tem uma inclinação negativa, e pelo lado do comprador da força de trabalho,
pelo lado do demandante do trabalho, pelo lado da empresa,
nós vamos representar a regra de formação de preços,
que é o comportamento monopolista lá no mercado de bens e serviços, levando
a comportamento no mercado de trabalho que a empresa está disposta a pagar
determinado salário real qualquer que seja o nível de desemprego da economia.
E essa situação entre o comportamento da empresa e o comportamento dos
trabalhadores, que vai definir o equilíbrio nesse mercado que só
acontecerá no contexto do equilíbrio de médio prazo.
Ou seja, quando as expectativas de inflação dos agentes
tiverem convergido efetivamente para a inflação observada,
para o nível de preços observado na economia naquele momento.
Vamos explicar melhor isso mais adiante, mas é importante que a gente já entenda
que situações de flutuação econômica, quando o desemprego
estiver acima deste equilíbrio no mercado de trabalho,
nós estaremos com produto menor na economia,
portanto a economia estará fora do seu produto potencial e,
portanto, isso levará a gap entre o comportamento do lado
dos trabalhadores e o comportamento do lado das empresas no mercado de trabalho,
representando, o que nós já havíamos chamado atenção no início,
representando o desequilíbrio no mercado de trabalho no curto prazo.
Não se preocupem,
teremos oportunidade de reforçar essa estrutura lógica mais adiante.
O ponto importante agora é que nós tratemos o conceito de equilíbrio no
mercado de trabalho de uma forma bastante específica e que vai
acontecer numa situação também muito clara,
que é a situação que as expectativas de inflação dos agentes tenham se ajustado e
convergido para o valor de equilíbrio da inflação no médio prazo.
Este nível de desemprego, que corresponde a este ajuste
de expectativas na economia, é o que nós vamos chamar, nas teorias mais modernas,
vamos manter o nome lá original das contribuições de Friedman, da década de
50, nós vamos continuar chamando este nível de desemprego de desemprego natural.
É aquele nível de desemprego que deve prevalecer no médio prazo.
O que é que é médio prazo para nós?
É prazo suficiente para que todos os ajustes nas decisões dos agentes
tenham sido realizados e a economia tenha convergido para equilíbrio de médio prazo.
Obviamente, isso é uma abstração, é referencial de pensamento.
Quando nós olhamos para o mundo real, nós vamos observar a economia
perto o suficiente ou longe deste referencial.
Nunca exatamente neste referencial.
Então, quando nós observarmos certas circunstâncias relação a emprego,
desemprego, produto, inflação na economia, que nós vamos tornar claras mais adiante,
nós vamos considerar que a economia está suficientemente próxima do que nós
estamos chamando aqui de equilíbrio de médio prazo.
Portanto, nenhum economista da corrente principal tem a ilusão
de olhar para o mundo e observar exatamente este ponto de equilíbrio.
Isto não existe, aliás, relação nenhum ponto de equilíbrio de nenhum mercado.
Nós sempre vamos olhar e observar a economia flutuando,
a economia num processo dinâmico de ajuste.
E para quê que serve, então, este referencial,
este equilíbrio de médio prazo?
Ele serve, simplesmente, para que nós tenhamos referencial de pensamento.
Ponto para o qual nós podemos esperar que a economia
esteja caminhando ao longo do tempo.
Que o comportamento dinâmico da economia esteja nos levando para este referencial.
Quanto tempo a gente vai demorar para chegar nesse referencial?
Bom, essa é uma história bastante complexa e que, quando nós formalizamos os
nossos modelos e acrescentamos o tempo nessa formalização,
a resposta, na verdade, seria que nós nunca chegaríamos.
Nós nos aproximamos assintóticamente deste referencial, que é o equilíbrio do estado
estacionário, tratados nos modelos mais formalizados.
Porém, alguns anos, a partir de choque relativamente importante,
que afete a economia, alguns anos a economia vai flutuar e vai se
aproximar suficientemente desse estado estacionário.
Então, nós não precisamos estar exatamente nele, mas se os ajustes acontecerem
relativamente rápidos, nós podemos considerar que a economia está próxima o
suficiente deste conceito abstrato que nós chamamos de estado estacionário,
que o desemprego será o desemprego natural,
o emprego correspondente a esta parcela de desemprego natural é o pleno emprego,
e o produto estará próximo o suficiente do que nós chamamos de produto potencial.
Então, todos esses conceitos são conceitos abstratos e que servem de
referência de pensamento da análise macroeconômica.
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