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O problema de mosquito é uma coisa, assim,
que a gente fala quando passa a ser uma rotina.
Então tá bom, você tem problema no seu coração,
você vai ter que tomar o seu remédio todos os dias para o resto da sua vida.
Você toma o remédio todo dia.
Se eu falar para você, "você tem que tomar o remédio seis meses por ano, só".
Você não vai tomar seis meses por ano.
Você vai acabar esquecendo.
E o que acontece com o controle de mosquito?
As pessoas acham que o controle de mosquito tem que ser feito só no verão.
Na verdade você tem que controlar o mosquito quando ele está baixa,
que é no inverno.
A gente tem que pensar como se a gente estivesse uma guerra.
O controle integrado é basicamente isso.
Estamos guerra.
A gente manda só soldado?
Ou a gente manda soldado, navio, tanque, helicóptero, foguete,
espada, faca, punhal, todas as armas que você conhece?
É uma estratégia de guerra.
O protocolo integrado eu vejo dessa maneira,
é como se você estivesse montando uma estratégia de guerra.
Quem é o inimigo?
O inimigo é o mosquito?
O inimigo é a doença, nem tanto o mosquito.
O mosquito é mais a chateação dele te picar, mas o inimigo é a doença.
Então como é que a gente faz para chegar na doença?
Então vai ser o mosquito?
Então o nosso inimigo, o nosso Cavalo de Troia é o mosquito.
É o mosquito que vai levar a arma para matar a doença.
É basicamente assim que eu enxergo.
Essa é uma visão minha.
Tem gente que fala "não, não pode falar que é uma guerra".
Não, é uma guerra.
É como se fosse uma guerra.
A estratégia é a mesma.
A vacina também faz parte do controle integrado.
Então existem vacinas que são, eu não sou imunologista,
então a gente sabe que existem vacinas.
Vou usar até exemplo.
A Sabin, a gente sabe que a Sabin é fantástica.
Ela faz a erradicação de vírus.
Que não é o caso da vacina da febre amarela.
Que não é o caso, por exemplo, da vacina que está sendo desenvolvida,
ou a própria que existe de dengue.
Elas não são vacinas que erradicam o vírus.
Então elas vão fazer parte, elas fazem parte do controle integrado.
A gente tem exemplo hoje bem clássico.
Febre amarela, que está acontecendo aqui no Brasil, aqui São Paulo principalmente.
São macacos que estão aparecendo mortos e são pessoas que estão com a doença,
alguns casos que já morreram, mas que eles tiveram círculo silvestre.
E a barreira é, não vamos deixar entrar no círculo urbano.
Porque na hora que se entra no círculo urbano vira uma epidemia, como foi a Zika,
como está sendo a Chikungunya, como é a Dengue.
E uma doença que tem uma mortalidade muito mais grave.
Então a tentativa é você empurrar o círculo urbano.
Não é uma vacina que vai eliminar o vírus do Brasil.
Tanto é que a gente está desde 1942 que não tinha
caso de febre amarela urbana.
Não é que não teve os casos de febre amarela.
Associado com o círculo urbano.
Então você tem dois círculos quando você trabalha com esses vírus.
Você tem mosquitos de florestas que não são aedes aegypti, não são nem do aedes,
nem do gênero aedes, são haemagogus, sabethes.
Dependendo da região existem outros mosquitos que são associados à círculo
silvestre.
Por que que ele é associado ao círculo silvestre?
Porque esses mosquitos não saíram da floresta.
Eles não saíram da mata.
Eles não se adaptaram ao homem.
Se o homem entra lá é óbvio que ele pica o homem.
Então você imagina do ponto de vista de mosquito.
Vou picar macaco peludo, correndo, que pula de galho galho.
Vou picar homem, que é, quer dizer, a gente tem pelo, mas não se compara.
Então é muito mais fácil para o mosquito picar humano do que picar animal,
ou pássaro cheio de pena.
É complicado.
Então é óbvio que ele vê o humano como animal muito mais fácil dele picar.
Mas ao mesmo tempo, às vezes o teu cheiro, que é o que atrai o mosquito,
ele não gosta do seu cheiro.
Ele prefere o animal.
Então a gente sabe que os mosquitos, eles tem as preferências.
Só que na falta daquele alimento ele vai comer sangue,
porque se ele não comer sangue ele não deixa a prole.
Então ele come o sangue de quem tiver na frente.
E isso faz com que você mantenha o mosquito
silvestre nas florestas e bosques,
e o mosquito urbano completamente associado ao homem.
Então existe essa diferenciação.
Então se você tivesse uma arma mágica para acabar todos os mosquitos da cidade,
aquele bichinho que tá lá na floresta, ele não vai entrar.
Vai ter, óbvio, uma possível adaptação.
Como o próprio aedes aegypti teve essa adaptação urbana.
A gente tem ouvido falar que parece que tem
uma população lá na China e principalmente na China.
A China tem uma localidade na China que tem aedes aegypti.
só.
O resto é só aedes albopictus.
Então eles têm relato que parece que tem algumas
cidades o aedes albopictus, que é mais silvestre sendo mais urbano.
É como se ele tivesse realmente co-evoluindo.
Então para quê que eu vou ficar aqui me batalhando de ir atrás
de pássaro se eu tenho o humano que está paradinho lá dormindo.
Está lá paradinho e quietinho.
Então parece que tá tendo relato que existe uma
população de aedes albopictus da China que está se urbanizando mais,
como se urbanizou o aedes aegypti.
Mas ainda é cedo para para assumir que isso aconteceu.
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