[MÚSICA]
[MÚSICA] [MÚSICA] Como a fêmea do mosquito se alimenta
com o sangue de alguém infectado com chikungunya, ela vai levar média dez dias
de incubação até o vírus ter replicado nela o suficiente para ela transmitir o
vírus para o próximo hospedeiro suscetível do qual ela se realimentar.
Quando uma pessoa contrai o vírus na corrente sanguínea, a incubação dele pode
durar humanos de até 12 dias para aparecerem os primeiros sintomas.
E isso, na maioria das vezes, acontece entre três e sete dias.
O número de pacientes assintomáticos no chikungunya é menor do que entre os
casos de dengue.
Entre três por cento e quase terço das pessoas que são infectadas não
desenvolvem os sintomas que a gente vai falar a seguir,
mas ainda sim podem transmitir o vírus.
Os sintomas que nós desenvolvemos durante a febre chikungunya são parecidos com os
da dengue, mas são mais severos.
Eles começam com uma febre rápida e acima de 39 graus Celsius,
dores nas articulações e vermelhidão na pele que podem ser
acompanhados de dores de cabeça e dores musculares.
Além de dores nas costas, náusea, vômito, erupções de pele e conjuntivite.
Também podem aparecer vermelhidão cerca de metade dos casos de chikungunya.
E é mais comum nas extremidades, no tronco e na face das pessoas.
A maioria dos pacientes também desenvolve cansaço geral,
franqueza e até sintomas depressivos entre as complicações.
Já as manifestações que não são comuns,
mas também podem acontecer nesses casos, são complicações neurológicas,
oculares, cardiovasculares, dermatológicas, renais e outras.
Depois dos dez primeiro dias de infecção, que são a fase aguda da doença,
os pacientes, geralmente, apresentam melhora,
mas, ao contrário das outras viroses que nós vemos no curso,
o chikungunya específico pode apresentar uma versão subaguda da doença com sintomas
como dores nas articulações e dores nos músculos, além do cansaço e da depressão,
que podem persistir por meses ou até anos depois da fase aguda da doença,
o que nós chamamos da versão crônica de chikungunya,
que segundo alguns estudos, pode atingir até mais da metade dos pacientes.
Essa dor articular grave é tão típica da febre chikungunya,
que é uma das características diferenciais dela relação a dengue e zika.
Então, a pessoa que está com essa dores,
a gente sabe que tem mais chance de ter chikungunya.
E isso pode acontecer principalmente nas articulações das pontas,
falange, pulso e calcanhares, que ficam bastante inchados,
além dos ombros, cotovelos e joelhos.
E alguns casos,
os pacientes podem desenvolver inclusive artrite reumatoide entre as complicações.
Essa severidade maior dos sintomas de chikungunya chega a ser debilitante
e acontece principalmente pessoas que tem acima de 45 anos de idade.
Enquanto no caso de dengue, os anos de vida produtiva perdidos com o surto
da doença acontecem na maior parte por causa de mortes prematuras,
no caso de surto de chikungunya, os maiores anos produtivos
perdidos acontecem na população economicamente ativa, que vai
perder produtividade por causa dessas dores e por causa dos outros sintomas.
Alguns surtos de chikungunya, a incapacitação ou limitação das atividade
normais aconteceu até 60 por cento dos casos, ou seja,
além do chikungunya ser debilitante entre as pessoas por causa das
internações e das complicações de saúde que ele causa durante o surto,
como acontece também com dengue ou com zika,
ela ainda é uma doença muito preocupante, porque deixa sequelas e debilita essa
população atingida por longo período depois do surto.
Os pacientes que fazem parte do grupo de risco, gestantes, pacientes com
comorbidades, ou seja, pacientes que já têm outras complicações médicas,
idosos e menores de dois anos de idade,
precisam de acompanhamento mais próximo, já que esses são os pacientes
que têm risco maior de desenvolver as formas mais graves da doença.
Complicações neurológicas recém-nascidos e nos idosos
também podem acontecer e neles, inclusive, podem ser fatais.
A taxa de fatalidades estimada para o surto de chikungunya de Reunión
foi de uma morte cada mil casos.
Reunión também descobrimos que, assim como o zika,
o chikungunya pode causar complicações na gestação e recém-nascidos.
Complicações como a encefalopatia, que pode acontecer metade dos
recém-nascidos que contrairam chikungunya durante o parto com consequências
permanentes para essas crianças, como epilepsia e paralisia cerebral.
Como também não temos vacinas contra o chikungunya, nem desenvolvida,
nem tratamento baseados compostos que afetem diretamente o vírus, ou seja, os
antivirais, o tratamento para chikungunya ainda envolvem aliviar só os sintomas,
principalmente a dor que acontece durante o período agudo, que é aliviada com doses
de Dipirona, Paracetamol administradas de acordo com a intensidade de dor até
casos mais severos Opióides, para aqueles que tem dores muito intensas.
E corticosteroides e anti-inflamatórios também podem ser usados
para aliviar esses sintomas depois da fase aguda, sintomas como
processos inflamatórios e dores nas juntas, nesses casos mais crônicos.
Além desses sintomas debilitantes que nós vimos, o chikungunya ainda tem causado
proporcionalmente mais óbitos no Brasil relação ao resto das Américas como todo.
Até o fim de 2016, tivemos total de 156 óbitos comfirmados como causados por ele.
Com a chegada do chikungunya no Brasil, toda a rede de vigilância de dengue
precisou ser atualizada, porque agora além de detectar os casos de dengue,
também passamos a precisar detectar os casos de chikungunya e depois zika.
E nos piores dos cenários, não só distinguir qual deles causa o surto,
mas qual foi o responsável pela morte de paciente.
Nós deixamos na bibliografia do curso os livros "Preparação e Resposta à
Introdução do Vírus Chikungunya no Brasil", produzido pelo Ministério da
Saúde 2014 como parte desse preparo para o surto de chikungunya que estava
começando naquele ano e também deixamos o livro "Chikungunya manejo clínico",
que é a versão atualizada sobre o tema, que foi publicada no final do ano de 2016.
Os livros têm uma descrição bastante detalhada sobre as manifestações da
doença, dos exames de laboratórios que nós temos disponíveis,
do manejo dos casos e dos sintomas diferenciais de chikungunya,
dengue e zika e mais.
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